Uma das figuras mais famosas da história da cultura pop, que fez parte da infância e da formação de milhares de meninas e meninos durante gerações distintas, ganhou um filme que faz jus a toda sua complexidade e controvérsia! Com a direção de Greta Gerwig, “Barbie” é irreverente, divertido com uma pitada de crise de existencialismo.
No longa acompanhamos o dia-a-dia das Barbies e dos Kens na Barbieland – o mundo mágico e perfeito das bonecas. Porém, uma delas (Margot Robbie) começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência. Logo, ela deve sair de Barbieland e procurar respostas ao lado de Ken (Ryan Gosling).
A introdução da história é regada de um tom cômico muito apropriado para o universo criado por Greta. A risada do espectador é arrancada com facilidade ao vivenciar a experiência Barbie mais pura e autêntica possível. Margot Robbie já mostra neste estágio que está confortável em viver uma personagem que irá trilhar uma jornada de auto conhecimento e questionamento, no entanto, é Ryan Gosling que se firma como o grande destaque de “Barbie“.
O ator faz da sua performance corporal a sua maior aliada, com trejeitos, feições e até mesmo coreografias, Gosling é uma estrela convicta! Em todas as cenas em que ele surge, ele rouba a cena. Não há competição quando observamos um Ken tão espetacular, pomposo e cheio de camadas! Ryan acerta em cheio, não só no seu timing cômico perfeito, mas também no seu poder de convencimento e admiração.
Com um elenco de grandes nomes, o filme – ainda que foque mais na dupla Robbie & Gosling – sabe dosar o envolvimento das estrelas e contribui para que cada Barbie e Ken tenha seu momento de relevância dentro da obra, evitando assim que eles sejam além de uma participação especial e sim peças vitais.
Com roteiro de Gerwig em colaboração com Noah Baumbach, “Barbie” sabe construir uma jornada emocional sem deixar de lado o seu alto astral e leveza. Utilizando-se de um humor crítico e ácido, a narrativa envolve o espectador através de questionamento a respeito do papel da Barbie e da mulher na sociedade atual.
O longa conversa muito diretamente com o público feminino, dissecando dores e trazendo à luz da trama questionamento sobre pertencimento e existencialismo. Contudo, vale frisar que Greta utiliza da sua veia cômica para trazer essas pautas com uma certa sutileza, ao tempo que enfatiza o absurdo. Isso faz com que o filme não se afaste da audiência que não está a acostumado a consumir produções com pautas tão claras e objetivas.
Talvez o maior erro de “Barbie” seja quando ele sai do lúdico e fantasioso e vai para a vida real. Assim que Barbie e Ken entendem como o mundo é totalmente diferente da sua realidade, as coisas começam a desandar um pouco. Will Ferrell é deslocado do tom da produção e parece engessado e sem graça demais em diversos momentos. Ariana Greenblatt se apaga dentre tantas personalidades carismáticas e se torna uma personagem esquecível.
Ao contrário de America Ferrera, que entrega uma personagem tão relacionável e real! Uma das cenas mais impactantes do longa é protagonizada pela atriz, que realiza um monólogo no terceiro ato capaz de atingir todas as mulheres que irão assistir este filme no seu íntimo.
Recheado de referências claras e enrustidas a clássicos do cinema e com uma curadoria excelente dos figurinos e itens nostálgicos da boneca, a maior verdade é que “Barbie” subverteu todas as minhas expectativas. Um filme com uma mensagem tão poderosa é ao mesmo tempo tão divertido e inesperado! Construindo sua histórias através da diversidade das barbies, que aconteceu nas últimas décadas, o longa reflete o poder instaurado na boneca mais famosa no mundo: o poder de ser quem você quiser ser!
O filme estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas!
Nota: 4,3/5
Tribernna 
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