No último dia 16, após quase dois anos de sua estreia, finalmente chegou entre nós a segunda temporada de A casa do Dragão (House of the Dragon). Com o primeiro episódio intitulado “A son for a son” (Um filho por um filho) e o segundo “Rhaenyra the Cruel” (Rhaenyra, a Cruel) exibido no último domingo (23) não é difícil imaginar que o sentimento que definiu esse retorno é de vingança.

Primeiros episódios tendem a ser emblemáticos porque, geralmente, precisam dar o tom que deve seguir ao longo da temporada. Em seu episódio de estreia, lá em 2022, A casa do dragão conseguiu tanto introduzir seu universo quanto se desvencilhar de A Guerra dos Tronos (Game of Thrones) sua série mãe. Além de definir qual seria a abordagem para contar uma das maiores histórias deste universo.

No entanto, em “Um filho por um filho” não precisamos mais de apresentação porque as bases já foram muito bem estabelecidas ao longo dos dez episódios anteriores, neste momento o que a série faz é finalmente se colocar em posição de guerra. As tentativas de diplomacia parecem ter encontrado seu fim.

O episódio começa pouco após os eventos que encerraram o primeiro ano. De um lado encontramos uma Rhaenyra (Emma D’Arcy) enlutada lidando com a ausência de Luke (Elliot Grihault) enquanto Daemon (Matt Smith) tenta, sem sucesso, criar algumas movimentações na ausência de sua rainha.

Ainda que com cerca de 5 falas ao longo dos 60 minutos de episódio, poucas coisas foram tão emotivas nesta série até agora como a perfomance de Emma D’arcy, seja no momento em que finalmente compreende a morte de seu filho ou quando interage com um Jace (Harry Collett) igualmente quebrado após a perda do irmão.

Agora com uma guerra cada vez mais certa, ambos os lados seguem suas articulações para cobrir bases e relembrar aliados acerca de juramentos. Do lado dos verdes, o conselho do rei Aegon (Tom Glynn-Carney)controlado por Otto Hightower (Rhys Ifans) tenta criar estratégias para um possível contra-ataque do lado negro enquanto a rainha mãe Alicent (Olivia Cooke) ainda parece apegada a ilusão de uma Rhaenyra ajoelhada seguida de uma ideia utópica de paz.

Porém, o destaque apresentado no episódio fica por conta do plano de Daemon para realizar o desejo da rainha, matar Aemond (Ewan Mitchell). Mas a história toma outro rumo quando os homens contratados para invadir a fortaleza vermelha e fazer o serviço sem causar alarde acabam encontrado a rainha Helaena (Phia Saban)e seus dois filhos, entre eles o herdeiro do trono.

Apesar da ordem ser de levar a cabeça de um filho, a dupla acaba decaptando a criança herdeira do rei e fugindo na calada da noite. A cena é uma adaptação de uma das histórias mais comentadas pelos fãs do livro, conhecida como “Sangue e Queijo“, e deve escancarar o tom de guerra, já estabelecido no final do seu primeiro ano.

Com direção de Alan Taylor (Game of Thrones) e roteiro de Ryan Condal, responsável principal pela primeira temporada, o retorno da série conseguiu condensar muito do que ficou pendente e já desenvolver as narrativas e os conflitos que devem se prolongar ao longo dos próximos capítulos.

O resultado direto disso é exibido já no segundo episódio onde, em um primeiro momento, o luto é apresentado em atitudes de vingança enquanto o sofrimento de ausência e perda fica em espera. Decisão que também explicita a diferença entre os lados que lutam a mesma luta. Se a rainha Rhaenyra precisou primeiro sofrer a perda de seu filho, antes de definir um plano de ação, aqui a situação se inverte.

Inicialmente somos introduzidos à fúria de um Aegon, que aos poucos constata sua própria fraqueza ao não cumprir com seu único juramento até então (proteger a família) seguido de uma fúria desmedida e nada política. O que, de certo modo, entregou a atuação de Tom Glynn-Carney a versão mais Targaryen possível desde sua primeira cena como rei exibida no episódio O conselho verde, também dirigido por Clare Kilner. 

Um detalhe importante que esses primeiros episódios apresentam é que, embora exista uma guerra chegando a passos largos, os maiores problemas apresentados estão dentro de suas próprias casas. De um lado o confronto entre a rainha que percebe não ter o controle do próprio parceiro, do outro um rei que não aceita as tramas políticas, muito bem elaboradas aqui diga-se de passagem, da própria mão e opta por entregar o posto nas mãos do ressentido Criston Cole (Fabien Frankel).

Porém, o grande destaque de ‘Rhaenyra a Cruel’ não é nem de longe uma cena da família Targaryen, mas o resultado de um jogo de poder que usa as palavras Dever e Sacrifício quase como um lema inflingido diretamente a quem luta sua causa, protagonizados aqui pelos gêmeos Arryk (Luke Tittensor) e Erryk (Elliott Tittenson) quando o primeiro decide invadir Pedra do Dragão na tentativa de matar a rainha, mas é impedido pelo segundo.

O fim trágico dos irmãos parece ser apresentado aqui como prelúdio do que virá com a guerra entre as famílias, uma vez que ambos viviam em paz lutando do mesmo lado que os separou.

Um filho por um filho” e “Rhaenyra, a Cruel” estão disponíveis na Max e novos episódios de A casa do Dragão devem ser adicionados todos os domingos ás 22h.

Deixe um comentário

Veja posts relacionados:

leia também

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora