Doctor Who é uma série britânica que está na televisão desde 1963, teve uma pausa em 1989 e retornou ao ar em 2005, desde então não houve mais hiato. Em 2024 estreou uma nova fase do show, a “New New Doctor”, trazendo Ncuti Gatwa como o primeiro Doctor dessa era (e o 15º Doctor cronologicamente).
A 14.ª temporada da série na verdade se tornou a primeira temporada de uma terceira fase de Doctor Who. Essa renovação foi feita com o intuito que novos espectadores chegassem ao show sem precisar assistir obrigatoriamente às 13 temporadas anteriores. E posso adiantar que funciona, a primeira temporada de Ncuti Gatwa faz de forma bem eficiente a apresentação do universo da série.
A temporada escrita e comandada por Russell T Davies conta com oito episódios que seguem a lógica da “aventura da semana”, mas que também conduzem um fio que interliga tudo em um arco maior no final. Além de Ncuti Gatwa como Doctor, Millie Gibson protagoniza a série como a nova companion Ruby Sunday.
A nova era começa no especial de Natal de 2023, apresentando o novo Doctor como também Roby Sunday e o mistério que guiará toda a temporada: quem é a mãe de Ruby? E por que ela parece ser tão especial? A temporada caminha com episódios divertidos e emocionantes. Em quesitos técnicos, essa nova era não deixa comparações ao revival de 2005 que tinha muitos efeitos práticos e passou longas temporadas com efeitos precários até se estabelecer.
Ainda comparando com a era que iniciou em 2005, talvez o ponto que mais desagradou os fãs é a quantidade de episódios. Quem estava acostumado com temporadas de mais de 20 episódios e viu ser reduzido para 13 nas últimas temporadas, fica com um gosto de quero (muito) mais com os apenas oito episódios da temporada atual.
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Bom, entrando enfim na história da temporada em si. Já deixo de destaque os episódios “O Som do Diabo”, no qual o Doctor e Ruby vão até 1963 e conhecem os Beatles, mas em um mundo perdeu o gosto pela música. Esse episódio traz O Maestro como vilão, o deus da música, que foi interpretado por Jinkx Monsoon, drag queen que venceu a quinta temporada de RuPaul’s Drag Race, em 2013 e também a sétima temporada de RuPaul’s Drag Race: All Stars, sendo coroada “Queen of All Queens“.
O episódio seguinte, “Boom”, traz Steven Moffat para o roteiro. Steven entende Doctor Who como poucos e nos traz um episódio emocionante com toda a essência que os fãs da série amam, e ao mesmo tempo apresenta ao novo público que Doctor Who vai muito além de aventuras e viagens no tempo, fazendo críticas à sociedade (e derramando algumas lágrimas pelo caminho).
“73 Jardas”, para mim o ápice da temporada, pouco coloca Ncuti Gatwa em cena, dando todo o destaque para Millie Gibson. Ruby começa a ser seguida por uma mulher misteriosa que, embora pareça imóvel, mantém uma distância constante de 73 jardas dela. Qualquer um que se aproxime da mulher foge dela e de Ruby com medo. Porém, como o Doctor sumiu, Roby vive o resto da sua vida sozinha e tentando desvendar esse mistério.
“Ladino”, que traz a participação mais que especial de Jonathan Groff. O episódio casou com o lançamento de Briggerton, que flerta bastante com o universo e humor da série, fazendo até piadas sobre isso. Esse episódio escancara a diversidade de Doctor Who, que sempre esteve presente na série, fazendo o Doctor ter relações com diversos seres.
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Os episódios finais da temporada se concentram no mistério de Ruby e sua mãe, além de revelarem o grande vilão da temporada: Sutekh. O personagem que é o deus da morte foi resgatado da série clássica, que é bastante referenciada durante toda a temporada.
Todo Doctor é marcado por uma característica, e o de Ncuti Gatwa caminha bastante pela melancolia, sendo atormentado por todos os anseios de suas 15 (ou mais) encarnações. A temporada, ao mesmo tempo que diverte, também apela ao sentimental do público, não foge do que já é de costume de Doctor Who, mas também tenta inovar e para os espectadores contemporâneos.
Se o caminho da temporada é satisfatório, o final não é tanto, depois de dois episódios épicos, nos encontramos em um fechamento excessivamente sentimental e uma conclusão agridoce, tanto em como é resolvida a questão com o Sutekh, mas principalmente a resolução para o mistério da mãe da Ruby.
Ncuti Gatwa nos encantou com a sua versão do seu Doctor e tem potencial de ser um dos mais marcantes de todas as encarnações. Em 2025 conheceremos uma nova companion, Varada Sethu se juntará a Ncuti e Millie Gibson para a nova temporada. Os fãs que já acompanham Doctor Who esperam ver mais e mais dessa nova era, aos que estão chegando, apertem os cintos que a TARDIS promete diversas aventuras.
NOTA: 4/5
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