Quatro anos após nos despedirmos da família de sobreviventes silenciosos, o universo de Um Lugar Silencioso retorna aos cinemas voltando no tempo e nos mostrando como o caos da invasão alienígena começou. Ambientado em Nova York, no primeiro dia do ataque sanguinário, o novo filme de Michael Sarnoski une drama e terror para construir uma história que não traz nada de novo à franquia.

Estrelado por Lupita Nyong’o e Joseph Quinn, o prelúdio mostra como foi a chegada dos alienígenas na Terra em uma das maiores cidades do mundo. O diferencial, desta vez, é o apelo dramático que a história da personagem de Nyong’o carrega, já que, agora, a sobrevivente principal também é uma pessoa que luta contra o câncer.

A Quiet Place: Day One (2024) | MUBI

Com 1 hora e 39 minutos de duração, “Um Lugar Silencioso: Dia Um” é eficaz em replicar a ambientação de tensão característica deste universo apresentado inicialmente por John Krasinski em 2018. Assim, Sarnoski usa o silêncio e o som ambiente como o seu maior aliado, ainda que comece sua história com o caos sonoro de Nova York, ele aposta em criar a aflição no espectador com a promessa de que a qualquer momento eles vão se colocar em risco pelo mínimo barulho que farão.

A Quiet Place Prequel CinemaCon Footage: Alien Meteors Destroy New York

Algo que vale a pena comentar é que Sarnoski não nega que realmente é um derivado de uma franquia já estabelecida. Para além de suas inspirações em manter a ambientação, o diretor ainda traz um personagem apresentado no segundo filme “Um Lugar Silencioso” para realizar uma conexão entre as obras. Djimon Hounsou retorna como Henri em um grupo de sobreviventes e ganha um espaço considerável entre os coadjuvantes, mas não o suficiente.

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Se tem uma coisa que o filme fez de bom foi trazer Lupita Nyong’o no elenco. A atriz é o grande pilar dramático e de alta tensão do longa. Vivendo uma personagem que carrega uma doença fatal, Nyong’o consegue exprimir com clareza e fidelidade suas limitações em um ambiente que não é propício para uma sobrevivente como ela. Logo, cenas de fuga, seja na terra ou na água, conseguem ser ainda mais intensas pela imprevisibilidade de sua condição de saúde.

Por outro lado, quando Joseph Quinn aparece na trama, vivendo um britânico estudante de direito, não agrada tanto assim. Toda tentativa de brilhar é ofuscada pela sua colega de elenco. O ator não sabe corresponder aos altos padrões da performance de Lupita e acaba frustrando quando o seu personagem exige dele uma atuação mais dramática quando ocorre as suas crises de pânico.

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Outra coisa frustrante em “Um Lugar Silencioso: Dia Um” é a falta de entrega de novos cenários que contribuem com a expansão e compreensão deste universo. É comum esperar que o Dia Um vai trazer alguma explicação ou justificativa para a invasão, mas isso não acontece.

Novamente, o ponto de vista é focado nos civis e a história se mantém limitada em sua proposta. Se ao menos tivéssemos um ponto de vista de algum trabalhador de serviços essenciais ou até mesmo do nicho político/militar, “Um Lugar Silencioso: Dia Um” teria a chance de ganhar a profundidade que sonhava tanto em ter e não conseguiu nem 3% disso.

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No fim, é possível concluir que Michael Sarnoski não conseguiu ter grande eficiência em sua direção. O cineasta parece confuso em sua função em alguns momentos, como a escolha duvidosa de filmar cenas que deveriam ter a tensão progressiva e estraga a surpresa, ou quando a sequência de cenas não fazem sentido algum, como se algo tivesse faltando, como se na edição esquecessem uma parte crucial para interligá-las. Contudo, preciso confessar, “Um Lugar Silencioso: Dia Um” não é de todo o ruim, mas também está longe de ser comparado àqueles que vieram antes dele. O filme se banha no terror dos jump scares e tem o melhor protagonistas de todos os filmes: o gatinho. Ainda assim não posso negar que a direção de John Krasinski faz falta, principalmente na criação de ligação com os personagens (seja positiva ou negativa).

Dirigido por Michael Sarnoski e produzido por John Krasinski, o filme estreia nos cinemas nacionais hoje, dia 27 de junho. 

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