Com a intensidade de uma partida de tênis, o mais novo lançamento de Luca Guadagnino, “Rivais“, chega aos cinemas do Brasil em 25 de abril com Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor protagonizando uma história sobre desejo, manipulação e poder.

Em “Rivais” acompanhamos a história de Tashi Duncan (Zendaya), atleta prodígio do tênis que se tornou treinadora, uma força da natureza que não pede desculpas por seu jogo dentro e fora da quadra. Casada com Art (Mike Faist), campeão numa fase ruim da carreira, acumulando derrotas nos últimos jogos, Tashi arquiteta uma estratégia para a redenção do marido que toma um rumo surpreendente quando ele deve enfrentar o fracassado Patrick (Josh O’Connor) nas quadras. Patrick foi o melhor amigo de Art e é ex-namorado de Tashi. Quando o passado e o presente entram em colisão, e as tensões aumentam, Tashi deve se perguntar qual será o custo dessa vitória.

O roteiro de Justin Kuritzkes é carregado de diálogos dramáticos e com um humor pontual, ácido e repleto de referências. A dinâmica da construção das cenas e da montagem do filme emula uma partida de tênis, rebatendo entre um lado mais forte e um mais fraco conforme a história do trio evolui. Assim, a partida de tênis, ambientada no presente de 2019, reflete as idas e vindas românticas entre Tashi, Art e Patrick. Logo, o tênis aqui é uma mera ferramenta que contribui para o modo que uma história de desejo, manipulação e poder é contada.

O que há de mais interessante para se observar é como a relação amorosa do trio reflete as suas personalidades também como tenistas. Apelidados como “ice & fire” (gelo e fogo), Art e Patrick são uma dupla de opostos (que acabam se encontrando em suas similaridades). Enquanto um é racional, previsível – um tanto monótono – mas estável, o outro é pura paixão, imprevisibilidade e imaturidade. Isso se estende para além das quadras de tênis, no relacionamento que os dois tem com Tashi, evidenciado nas cenas sensuais, nas discussões profissionais e nos embates com a protagonista. O contraste cria algo divertido e até imprevisível para a audiência.

Devido aos saltos temporais que a história dá, voltando há 13, 8 e 3 anos, o filme precisa para além dos recursos visuais descritivos em tela mostrar ao público de forma que fique fácil a identificação das diferentes épocas da vida dos protagonistas. Logo, da adolescência, do início da vida adulta e o começo dos seus 30 anos são marcados por figurinos da época, cortes de cabelo e maquiagem que facilita a transformação do rosto juvenil de Zendaya a maturidade de uma mãe cansada e frustrada.

Contudo, há de ressaltar que o maior destaque dessas mudanças vai para Art (Mike Faist), que não precisou de recursos de caracterização óbvios para mostrar sua evolução e maturidade. O ator demonstrou através de seus trejeitos, sua expressão e em toda sua performance corporal o necessário para se fazer compreendida a ideia de ingenuidade da juventude e da maturidade calejada.

Uma coisa é certa, Luca Guadagnino reafirma neste longa sua capacidade impecável de extrair as melhores imagens em luz natural. Como já vimos em alguns trabalhos anteriores do cineasta, em “Rivais” a sensação que fica é de um eterno verão, que corrobora com a sensação de imediatismo, intensidade e tensão a flor da pele. Assim, utilizando-se também de cores vibrantes, a obra acaba sendo um espetáculo visual a parte, graças ao trabalho da parceria de longa data que Guadagnino e o diretor de fotografia Sayombhu Mukdeeprom construíram ao longo dos anos com Me Chame pelo Seu Nome (2017) e Suspiria (2018).

Algo também característico do cineasta é sua familiaridade com a inserção da trilha musical. Luca Guadagnino não tem receio de utilizar diferentes gêneros musicais como uma parte essencial do filme, quase como um personagem extra no elenco. Fica fácil associar quando e o porquê toca cada certo tipo de musica de forma repetitiva e com um volume significativo. Além dos efeitos sonoros em si, como os sons das bolas de tênis e as reações dos tenistas durante a partida, que contribui ainda mais com a atmosfera sensual do filme.

As partidas de tênis em si são um show a parte. A direção de Guadagnino varia entre planos fechados ou em movimento, focando sempre em expressões faciais, movimentos do corpo, curvas, suor, e posicionamento de câmera que enfatiza ainda mais o desejo que os três compartilham entre si.

O posicionamento de imagem mostra ser um componente essencial para o diálogo com público a respeito das personalidades dos personagens quando observado que as vezes que Tashi conversa com Art, o ângulo a eleva em um estado de poder, enquanto em diálogos com Patrick isso não acontece. Assim, mostrando ao público que enquanto em uma relação há manipulação, dominação e submissão, a outra há uma troca de sentimentos vívidos e intensos o suficiente para serem colocados em uma balança hierárquica de poder.

Entre prazer e trabalho, “Rivais” traz uma história regada de exageros. Exageros de emoções, reações, relações, dores e afetos. Traçando uma história de disputa de poder, Luca Guadagnino transforma tênis em algo sensual e se mantém firme na intensidade até o fim ao concluir sua obra com maestria.

O filme estreia no dia 25 de abril nos cinemas de todo o Brasil.

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